Futuro da Indústria #01
Nesta primeira edição da minha newsletter, falo sobre os fundamentos da Curva Sorriso (Smile Curve), uma visão de competitividade da indústria 4.0 e a tecnologia de Knowledge Based Engineering.
Oi pessoal,
Depois de tentar encontrar um espaço para conversar abertamente sobre o Futuro da Indústria com pessoas estratégicas e influentes no cenário de manufatura brasileiro, entendi que este espaço estava aberto. Depois de conversar com diversos executivos da área, que me encorajaram a iniciar algo, tomei a decisão de inciciar esta newsletter com o objetivo de atrair e agrupar pessoas para uma discussão de alto valor.
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Curva Sorriso e a comoditização da Manufatura (parte 1)
A curva sorriso, ou “Smile Curve” em inglês é um conceito introduzido pelo na época CEO da ACER, Stan Shih, no início dos anos 1990. Este é um assunto tão interessante, complexo e relevante, que eu pretendo evoluir a discussão sobre ele em cada nova postagem desta newsletter.
Para começarmos a estudar este tema, o básico sobre a curva sorriso é que ela relaciona valor agregado no eixo vertical com a etapa do ciclo de vida de um bem manufaturado, representando no eixo horizontal.
Etapas pré-fabricação: são as etapas de pesquisa, desenvevolvimento, projeto, engenharia, detalhamento de projeto e simulações, por exemplo.
Etapa de manufatura: são as etapas que compõem a manufatura.
Etapas pós-fabricação: são as etapas que contemplam marketing, vendas, distribuição, pós venda, atendimento, serviços relacionados ao bem, entre outros.
A Manufatura, em geral, foi a etapa do ciclo de vida do produto manufaturado que mais perdeu valor agregado.
Para trazer este conceito mais para o dia a dia, basta a gente pegar um Iphone na mão. Na parte traseira, geralmente está escrito algumas coisas com letras pequenas, inclusive, gravadas a laser. Dependendo do modelo, as informações estarão apenas na caixa do produto. De qualquer forma, geralmente temos as seguintes informações:
Designed in California: etapas pré-fabricação sendo feitas no país de origem da marca, gerando valor para os profissionais mais bem pagos.
Made in China ou Brasil: a manufatura, etapa que agrega menos valor no ciclo de vida do produto é realizada em países com menor custo de produção, terceirizado, em empresas que executam com excelência o processo de manufatura.
O que a Smile Curve nos conta é que ao longo do anos, a manufatura foi perdendo valor agregado no ciclo de vida de um produto manufaturado. Quero explorar mais este conceito nas próximas postagens, mas desde já, queria deixar uma reflexão:
Na sua empresa, a manufatura é um diferencial competitivo, é uma etapa com pouco valor agregado ou ainda, é um “mal necessário”? ficarei muito satisfeito em ouvir sua opinião, basta responder este e-mail e me contar.
Qual o limite da competitividade atingível pela Indústria 4.0?
Quando iniciamos o grupo de trabalho sobre indústria 4.0 na ABIMAQ em 2014, o GTMAV, existia a visão que a chamada “quarta revolução industrial” seria uma grande evolução na tecnologia de manufatura e nos negócios.
Ao longo do tempo, fomos entendendo que um conceito interessante para explicar a indústria 4.0 era a digitalização, que traz um paralelo com o mesmo movimento vivido no mundo “pessoa física”, onde deixamos de comprar CD’s e começamos a utilizar Spotify, substituimos a ligação telefônica por mensagens de audio e também deixamos de ir nos Bancos para fazer as transações bancárias pelo celular.
Essa digitalização aconteceu muito rapidamente em nosso ambiente pessoal e claramente também tinha que acontecer na indústria, dado a grande eficiência gerada.
Hoje temos mais claro, no Brasil, os benefícios práticos das chamadas tecnologias habilitadoras, que estão presentes no dia a dia de muitas operações de manufatura por aqui.
O que eu trago para uma reflexão é: quanto longe, em termos de competitividade global, podemos chegar adotando tais tecnologias na nossa indústria? Eu entendo que o limite é chegar, pelo menos do ponto de vista de produtividade técnica, no patamar dos países desenvolvidos que já adotaram tais tecnologias.
Olhando de cima, a pauta da competitividade macro do Brasil ficaria cada vez mais visível na medida do avanço do nivelamento das operações de manufatura em termos de tecnologias habilitadoras da digitalização.
Assim voltamos a pauta tradicional de competitvidade do ambiente de negócios Brasileiro e em especial, da competitividade da indústria. Este tema pode ser dividido diferentes frentes, como cenário tributário, logística, juros, burocracia, custo de investimento, custo de insumos, entre outros, compondo o Custo Brasil.
Sendo assim, investir nas tecnologias habilitadoras que tragam aumento de margem imediato, deve ser avaliado com prioridade por cada empresa. Em paralelo, como podemos fazer as coisas de forma diferente por aqui para conseguirmos ser mais competitivos, mesmo com o custo Brasil?
Gostaria muito de ouvir suas idéias sobre este tema. Basta responder este e-mail e me escrever.
KBE - Reduzindo o tempo de engenharia para fabricantes de máquinas e equipamentos
Recentemente estive com o pessoal do Senai Hermenegildo Campos de Almeida em Guarulhos para uma troca de experiências e me chamou a atenção um projeto que eles estavam entregando para um cliente, fabricante de equipamentos. Trata-se da tecnologia Knowledge Based Engineering aplicado, no caso, para reduzir o tempo de engenharia de para fabricantes de máquinas e equipamentos.
Cada vez mais, o principal valor do fabricante de máquinas e equipamentos é a sua engenharia, que cria e dimensiona os produtos e acessórios de acordo com as aplicações nos clientes. Em geral, o conhecimento para fabricação de uma máquina ou equipamento está concentrado na engenharia da empresa, porém é comum existir conhecimento espalhado em outras pessoas, departamentos e áreas.
Podemos ver na imagem abaixo, que o conhecimento geralmente está espalhado dentro de uma empresa, por exemplo no time de compras, que toma a decisão compra de um determinado material com base na variação da especificação de um projeto ou na área de montagem, que sabe que algum ajuste do projeto pode ser necessário dependendo da especificação atual ou ainda do conhecimento empíricos da empresa, representado pelo “Thumb Rules”.
O impacto da implementação desta tecnologia em um fabricante de máquinas e equipamentos é muito amplo, gerando benefícios de redução de lead time, aumento de eficiência e margem operacional, menos sensibilidade a turnover da equipe de engenharia e principalmente, ganho de tempo para atuar em engenharia de inovação.
Na figura acima, podemos ver o tempo gasto em design de rotina de máquinas e equipamentos ser reduzido drasticamente com a implementação do KBE.
O que eu pude ver na demonstração dos cases no Senai me veio à tona o tema da agenda do futuro da indústria. Utilizar recursos digitais para aprimorar a competitividade é imperativo.
Outra funcionalidade que eu enxerguei foi poder trazer a customização da máquina ou equipamento para a ponta de vendas, que junto do cliente e através de uma interface amigável, pode definir as características da máquina ou equipamento e, automaticamente, o projeto do produto já é gerado e customizado. Você pode ver mais detalhes na imagem abaixo, que sintetiza que uma vez configurado o sistema KBE, basta entrar com as especificações customizadas e através do conhecimento gerado, o projeto CAD é atualizado.
A tecnologia tem o potencial de reduzir custos operacionais de fabricantes de máquinas e equipamentos do ponto de vista de tempo para geração de propostas comerciais personalizadas, tempo para projeto e detalhamento de engenharia após e venda e principalmente manter o conhecimento intrínseco da empresa em um ambiente controlado e seguro.
Alguns softwares que possuem a funcionalidade KBE são: Siemens PLM (Knowledge Fusion e Rulestream), Dassault Systemes (Knowledge Ware) entre outros.
Se você quiser saber mais sobre KBE, responda esse e-mail que eu te direciono para o time do Senai que está executando este trabalho.
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O que mais estou lendo e dados interessantes atualizados:
1,3 % é a participação do Brasil na produção mundial da indústria de transformação.*
12,9% é a participação da indústria de transformação no PIB do Brasil*
*fonte: https://industriabrasileira.portaldaindustria.com.br/#/industria-transformacao
Alta de juros provoca queda do setor de máquinas e equipamentos
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Esta newsletter é uma publicação pessoal que contém apenas minha opinião e visão pessoal. Ela não representa nenhuma marca, empresa ou instituição citada.